A segunda
oficina oferecida pelo projeto, sendo a primeira com o tema zine. A
princípio, seriam 4 dias de oficinas, divididas em dois momentos:
caminhada fotográfica e produção de zines. Com o avanço das
pesquisas e a percepção das dinâmicas de tempo, optamos por
explorar apenas um tema em cada encontro, sendo duas de fotografia e
vídeo no celular, oferecidas por Nubia Abe e duas de zine e
publicações independentes, oferecidas por Luara de Almeida.
O intuito
foi criar um pequeno ateliê de criação, disponibilizando zines
para leitura e consulta, material para desenho e colagem, além de
máquina de escrever, impressora e xerox, recursos que foram usados
com entusiasmo pelos participantes. O espaço, colorido e bem
iluminado, foi convidativo, bem como ter um balcão com alimentos e
bebidas. O programa previa um momento para comermos juntos, num
pique-nique, mas percebemos que os adultos, em sua maioria
responsáveis pelas crianças, se reuniram ao redor do café, criando
um outro espaço de intimidades, no qual conversamos, conhecemos
histórias e compartilhamos os quitutes, que ocasionou maior
liberdade para as crianças interagirem entre si e com as
participantes.
A maior
dificuldade encontrada foi o quesito divulgação. Uma das
estratégias que encontramos foi a inscrição por WhatsApp, e
criação de grupos para discutir as temáticas a serem abordadas nas
oficinas. Apesar de ter sido veiculada nas redes sociais (Facebook e
Instagram), além de cartazes espalhados pela vizinhança, a maior
parte do público era composta de pessoas que estavam passando pelo
parque durante a atividade e foram convidadas a fazer parte do grupo.
Diversas pessoas passaram pelo espaço, sendo que onze delas
produziram materiais – em sua maioria crianças. Também por serem
grupos espontâneos, surgiu a dificuldade de oferecer uma oficina
única e linear; ao invés disso, cada grupo foi recebido pelas
integrantes do coletivo, estimulados a produzir individualmente.
A série
“O guia definitivo da zine”, criada com o intuito de ser material
de apoio para as discussões nas oficinas se tornou uma
“lembrancinha”, juntamente com outras zines produzidas durante o
projeto. A dinâmica dos grupos não propiciou a discussão teórica,
mas creio que em nada diminuiu o valor das produções.
O
resultado da oficina foram 11 materiais produzidos, entre colagens,
ilustrações e zines. Sobretudo, acredito que o intuito do projeto,
de cartografar afetos se fez presente durante as discussões, as
conversas compartilhadas, as diversas histórias de pessoas que
vieram de longe, como Ferraz de Vasconcelos, as famílias que vão ao
parque todo final de semana, conhecer pela narração da sobrinha a
história das tias, que querem ser escritora e veterinária, as
trajetórias de Dona Ana, que gosta de melão japonês, o ciclista que
tem duas filhas felinas e fez uma zine de reconciliação para a
esposa. Novamente, nos encontramos num lugar de convergência de
histórias, compartilhamento de intimidades, cartografia afetiva.