terça-feira, 13 de junho de 2017

Retomada, recomeço, refazendo tudo

O ano já anda pela metade e sinto agora os primeiros respiros de um novo ciclo. É engraçado olhar para os meus pés e perceber que tem sido poucos os caminhos que posso trilhar, e que um ano depois ainda estou batendo a areia sob meus pés, repetindo ciclos que já vivi, já sei pronde vão e lá vou eu em meu eu oval, rolando vida afora ladeira abaixo.
Estou ouvindo a vhvl e tem esses lances de se identificar muito com alguém de uma maneira tão entregue, que sobra menos tempo pra criticar e ficar achando problema aonde não tem. Ficar vendo a menina lá longe, sendo nova, se crescendo e espalhando num som muito novo e raro; mas também a lentidão dos processos em comparação com os boys amigossonnoros ao redor, então me vejo, eu mesminha, respirando meus tempos tão lentamente enquanto tudo me diz que é pra já, que já está sendo. Percebo esse tempo idade âncora que conforme passa, acrescenta gravidades às escolhas, e de repente passarinho já virou galinha que é metade dinossauro. 
Impossível não pensar que o dito tempo improdutivo que passei e me incita os anseios, era um respiro tão curto nessa terra dura. O que deveria ser rotina, prática, nem precisaria ser citado! mas ocupa dias noites semanas meses tempo enrolado em novelo para apenas gostar de viver eu mesma. É tão difícil saber que existe um mundo exterior real quando aqui dentro são abismos infinitos, muito ar que falta na imensidão. Preciso aprender a mimar quem dorme comigo toda noite, que me abraça, que me mima e tantas vezes odeio, desprezo, maltrato. É preciso ser meu próprio carinho e lugar seguro.
Embora ainda não saiba onde mora esse segredo, tenho pensado e querido cultivar a paciência, apaziguar essa fúria de querer tudo para já ou nunca. Sinto falta dos meus óculos. Labirintos. Outra escolha têm sido as retomadas, passar de novo por caminhos e andar as geografias conhecidas, dar-se tempo de aprender passados. Editar o que existe, nem tudo que é novo é criação.

***

Estou, como sempre, nadando num mar de muitas incertezas e tenho tentado achar um emprego, preciso fazer umas granas mais ou menos certa e regular, pagar umas contas, aparar umas arestas que andam me magoando. 
Estou trabalhando seriamente em montar um currículo e portfólios vagamente aceitáveis. Não é um trabalho fácil. Tantas vezes passo por esse caminho, poucas vezes com algum resultado que me agrada. Casa com isso a tentativa de voltar a passar pelas coisas, editar trabalhos, retomar planos parados, ao invés dessa busca incessante pelo novo, sem dar tempo de amadurecer nenhum processo. Ficar com tantos processos mentais sem realizar as coisas, quando só precisava estar realizando uma ou duas pra ter mais vazão energia, tempo, vontade. 
Estou trabalhando nos caderninhos: digitalizar e postar os processos brutos, além de transformar numa publicação sobre a minha experiência de deslocamentos em SP. Isso é um dos pontos tensionados da minha vida: porque sabotar tudo o que começo? Preciso desenrolar a Móri Impressões com amor, dar fim ao trabalho começado, adquirir experiências para o trabalho vindouro. 
Além disso tenho visto pessoas, conhecido gente bacana, indo a novos lugares. Tem sido bom respirar outra cidade, e desejos para o futuro começam a borbulhar. Aprender outras maneiras de experimentar a cidade, e retomar as que já funcionaram antes e podem continuar funcionando agora. Estou sentindo uma energia que andava ausente, mas ainda falta um ponto para recarregar as energias, que certamente é fora, outs. Onde? É preciso procurar.