segunda-feira, 12 de setembro de 2016

o que esteve acontecendo // arremate de inverno


A pesquisa com zines finalmente começou a render frutos. Algumas compras foram efetuadas, o acervo começou a ser construído com as obras que serão referência nas oficinas. Existem alguns requisitos que estão sendo levados em conta para adquirir as zines, ainda que alguns exemplares não contemplem todos os itens:
  • valor: até R$10 (alguns exemplares foram mais caros)
  • variedade de técnicas
    • suporte (os papéis, as dobraduras, a complexidade das dobras/ costuras)
    • técnica (fotografia, ilustração, texto, tipos de impressão, carimbos, adesivos)
    • temática (arte, contra cultura, feminismo, poesia)
  • abranger a maior gama possível de possibilidades, para tornar a oficina um caldo criativo.
Grande parte do acervo foi adquirido via facebook e na feira Tijuana, que aconteceu dias 3 e 4 de setembro na Casa do Povo. Visitar a feira foi de extrema importância para o processo criativo. Entrar em contato com artistas de todo o Brasil, discutindo assuntos diversos, confluentes, a repetição dos signos. Foi muito prazeroso perceber as descobertas e pertencimentos desses movimentos autônomos, interligado pelas pesquisas, referências, temáticas. Das diversas coisas maravilhosas que eu vi, três me chamaram muito a atenção. 

cartografia do tempo, marrytsa melo, nano editora. 
Além do nome que me afetou instantaneamente, a autora me contou a história da concepção da zine (que eu demorei muito pra escrever e já não lembro direito, parabéns Luara, mas vou averiguar com ela). 
A zine foi concebida no Rio de Janeiro, paredes antigas e descascadas foram fotografadas. As topografias desgastadas foram reunidas nessa zine de dobradura clássica, impressa em papel brilhante, com lacre transparente. Fiquei principalmente surpreendida com a beleza de uma zine muito simples, sem palavras e o impacto que ela causa. 
Me lembrou também algumas das fotos que estava fazendo para o projeto, como sempre achei muito auspicioso, gosto quando acho uma ideia igual a minha que outra pessoa pensou sozinha, me sinto mais confiante.

mirante, luciana miyuki, kamikaze publicações.
O que me atraiu inicialmente foi o formato: eu adorava fazer flipbooks em post-its quando estava na escola, foi muito inspirador encontrar esse formato em 2016 nessa altura com campeonato. Já comecei a esboçar os flipas para o projeto e acredito que pode ser uma série muito bonita. 
O que mais foi surpreendente é que fui descobrindo muitas confluências com o trabalho da luciana,  muitos dos conceitos que quero explorar no meu trabalho gráfico aparece nas produções dela. Desvio, suportes sobrepostos, trajetos. Sem contar que descobri essa coisa maravilhosa que é a mostra nacional de gif que me deixou cheia de ideias e planos futuros. Sempre muito legal quando um objeto é na verdade uma chave de portal. 
ituiutaba, elisa freitas, editora criatura.  
Por último mas não menos importante, essa zine maravilhosa que é a própria cartografia afetiva da cidade em que cresceu, onde os pais moram até hoje. A artista trabalha com fotografia pb, e fez esse trabalho muito delicado de contar a história de uma cidade. Permanência e degradação, a tranquilidade, um tempo bem lento ficam colados depois de passear pela zine. 
Uma das coisas que eu mais gostei, enquanto a gente conversava, foi que quando o pai viu a zine pronta, ele não gostou, porque a cidade não é assim. Fiquei pensando sobre as diversas cidades que cada um de nós habita, e que presunçoso de minha parte querer fazer uma cartografia afetiva desse bairro. Entretanto, me senti mais instigada a procurar as alternativas para narrar essas histórias. 
Ainda não li quase nada das zines que comprei, mas conforme for lendo vou escrevendo sobre as mais emocionantes. 



A primeira zine com o título trajetos celulares // memória na leste foi produzida para a avaliação do projeto dia 29.08. Queria fazer uma zine que reunisse um pouco do que foi criado até agora, além de ser explicativa. Ela foi feita a mão e fotografada, os textos corridos foram inseridos digitalmente. Tem sido muito prazeroso olhar pra ela, foi uma concretização muito importante para todo o meu processo produtivo. Me dei conta que já posso começar a produzir com o material que tenho. Vou me focar nas séries, porque vai ser legal agrupar as zines de alguma maneira (já que invariavelmente temas e formatos vão se repetir), além de criar portfólio e material de exposição. Os flipabooks vão ser um formato (aliado ao gif), gostaria de trabalhar com um formato maior para as vistas, talvez postais (juntamente com pinlux de pontos marcantes do bairro).  Fiquei com vontade de fazer quebra-cabeças também, mas são por sublimação. Talvez não sobre grana pra tudo isso, mas sonhar é free.
Tem sido interessante pensar que primeiro foi preciso ajuntar um monte de material sem sentindo, mas que finalmente as coisas estão se encaixando e virando produtos, objetos, lindezas. Agora é mais fácil criar as divisórias, as hashtags, categorias da vida real. O trabalho passa a ter um corpo e ser por si só uma narrativa. As possibilidades de narrativas não verbais abrem outras possibilidades de existências e transposições pelo mundo.
Percebo como minhas técnicas evoluindo, o site ficou bonito. Curti meu trampo. (: Mesmo que ele esteja engatinhando, é legal perceber que a minha estética atrai as pessoas, cativa, estimula a interação. Me sinto mandando bem, apesar de todos os pesares. Acho que esse é o momento de começar a subir material para o site e ver o que rola. Pode ser que um caos controlado (bem meu tipo) seja uma plataforma interessante.


 É isso que eu tenho feito. Gosto de fazer esses apanhados gerais porque acabo percebendo que tem muito mais estrutura no projeto do que eu imagino, e que ele de alguma maneira se sustenta. Também percebo a minha crianção se refinando e estabelecendo diálogos internos.

Agora só vamos.

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